O uso da acentuação gráfica tem por objetivo: registrar o timbre aberto ou fechado de determinadas vogais, a posição do acento tônico em algumas palavras, a presença de crase vocálica envolvendo a preposição a e o artigo a e a vogal a inicial de alguns pronomes.
Inicialmente, podemos observar os sinais diacríticos (acentos gráficos) utilizados na escrita que, além das letras do alfabeto, são o apóstrofo, a cedilha, o hífen, o til, o trema, os sinais de pontuação (ponto, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos, ponto-deexclamação, pontos-de-interrogação, reticências, parênteses, travessão) e os
acentos agudo (´), grave (`), circunflexo (^) e o trema (¨).
Para o uso correto desses acentos, precisamos conhecer algumas regras gerais que regulamentam o emprego de acentos gráficos nas palavras proparoxítonas, paroxítonas e oxítonas. Vamos discutir, em seguida, alguns casos específicos, Vejam:
Palavras proparoxítonas – todas são acentuadas: lâmpada, fósforo, bárbaro, estômago etc.
Palavras oxítonas – são acentuadas as que terminam, na escrita, em A, AS, E, ES, O, OS, EM, ENS (mais adiante vamos observar que estas são justamente as terminações das paroxítonas que não recebem acento): buquê, buquês, português, cipó, cipós etc. Vejam que esta regra explica por que não recebem acento as palavras como caju, bambu, aqui, caqui.
Palavras monossílabas tônicas – recebem acento gráfico os monossílabos tônicos terminados em A, AS, E, ES, O, OS: pá, pé, pó, má, más, ré, rés, mês crê, vê, dó, pôs etc.
Palavras paroxítonas – são as mais numerosas da língua e, por isso, não recebem acento (a não ser que constituam um dos casos especiais que veremos na seqüência); as paroxítonas mais freqüentes são as terminadas, na escrita, em A, AS, E, ES, O, OS e em AM, EM, ENS. Vejam: mala, malas, mole, moles, comece, sempre, amigo, amigos, cantam, nuvem, nuvens, jovem, jovens, item, itens.
Existem, porém, embora sejam menos numerosas, palavras paroxítonas terminadas por outros fonemas ou seqüências de fonemas. Essas devem receber acento gráfico e são as que terminam, na escrita, por:
I, IS, U, US → júri, júris, táxi, táxis, grátis, lápis, íris, tênis, bônus, Vênus etc.
L, N, R, X, PS→ míssil, indelével, hífen, abdômen, revólver, córtex, bíceps etc.
Ã, ÃS, ÃO, ÃOS→ ímã, ímãs, órfão, órfãos etc.
ON, ONS→ íon, íons, elétron, elétrons etc.
UM, UNS→ álbum, álbuns, quorum etc.
Ditongo oral crescente, seguido ou não de S→ glória, glórias, pônei, vôlei, gênio, cárie, dentária, história etc.
E ainda: Hiatos→ recebem acento gráfico o I e o U quando são tônicos e constituem a segunda vogal de um hiato, e ocorrem isoladamente ou seguidos de S na mesma sílaba. O acento não será usado, no entanto, nos casos em que o I de um hiato é seguido por NH no início da sílaba seguinte (bainha, rainha, tainha). Recebem, portanto, o acento: aí, daí, saímos, saíram, países, saúde, saída, graúdo, baú, Esaú (observe que esta palavra é oxítona terminada em U e, pela regra geral das oxítonas, não deveria receber acento. Recebe-o, no entanto, por esta regra especial dos hiatos). Não recebem o acento: raiz, atribuir, ainda (casos em que o I não ocorre sozinho na sílaba, nem é seguido de S na mesma sílaba). Observem, ainda, que se a vogal em questão for a segunda de uma seqüência de vogais idênticas, não se usará o acento. Isso explica a grafia xiita. Já na palavra friíssimo ocorre o acento porque a palavra é proparoxítona, entrando, portanto, na regra geral que vimos anteriormente.
Os encontros vocálicos ÊE, ÔO também recebem acento circunflexo representando um fonema vocálico de timbre fechado: crêem, lêem, vêem (ver), enjôo, abotôo, vôo etc.
Existem algumas formas verbais, na língua, em que a letra U, precedida de Q ou G e seguida de E ou I, representa um fonema vocálico tônico. Usa-se, nesses casos, o acento agudo sobre o U, para indicar que lê é pronunciado e tônico: argúi, argúis, argúem, averigúe, apazigúe, averigúe, obliqúe etc.
Em outros casos, muito mais numerosos e de uso bem mais freqüente, a letra U, nesse mesmo contexto (precedida de Q ou G e seguido de E ou I), é pronunciada, mas não é tônica, formando um ditongo crescente com a vogal seguinte. Para indicar essa pronúncia, a escrita exige que, nesses casos, seja usado um outro sinal diacrítico, o trema (¨) sobre a vogal U: agüentar, apazigüemos, ambigüidade,
lingüística, freqüente, tranqüilo, lingüiça, antiqüíssimo etc.
Ditongos→ recebem o acento agudo o E e o O que representam a qualidade vocálica média de timbre aberto nos ditongos tônicos ÉI, ÉU e ÓI: estréia, epopéia, anéis, fiéis, chapéu, chapéus, réu, anzóis, caracóis, faróis etc.
Observem ainda que, embora algumas palavras como caracóis, coronéis, pastéis recebam acento pela regra acima, elas perdem o acento quando recebem determinados sufixos, porque a sílaba tônica passa a estar no sufixo. Assim: caracoizinhos, coroneizinhos, pasteizinhos etc.
Enfim, observaremos, agora, os acentos diferenciais que são aqueles cuja única função é diferenciar, na escrita, palavras homônimas (que apresentam a mesma forma, do ponto de vista da seqüência de fonemas que a constituem). Vejamos os principais casos: pôr (verbo), por (preposição), pára (verbo), para (preposição), pêra (substantivo), pêra (forma arcaica de preposição), pélo (forma da primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo pelar), pelo (contração da preposição por com o artigo o), pêlo (substantivo) etc. E, ainda, as formas verbais que usam o acento circunflexo nas formas da terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter, vir e seus derivados, para diferenciá-las das formas verbais da terceira pessoa do singular. Vejam: ele tem, eles têm, ele vem, eles vêm, ele mantém, eles mantêm etc.
PONTUAÇÃO :
A vírgula só não serve para separar sujeito de predicado.
A vírgula separa:
1 -Os adjuntos adverbiais e Expressões Adverbiais intercalando uma seqüência lógica (sujeito-verbo ou verbo complemento) ou mesmo no início de orações poderão aparecer isolados. As vírgulas são facultativas.
Exs.:Com naturalidade, ele reagiu ao assalto.
Naquele dia, o artista deu entrevistas.
O artista, naquele dia, deu entrevistas.
2- Oração Subordinada Adverbial que vem antes da oração principal.
Note, quando pospostas à oração principal, as orações subordinadas podem ou não ser separadas por vírgula. Quando antepostas ou intercaladas, as vírgulas são obrigatórias.
- Chegamos à velha cidade quando o sol se punha.
- Quando o sol se punha, chegamos à velha cidade.
A oração subordinada adverbial funciona como advérbio e o lugar do advérbio é após o verbo, logo quando a oração subordinada adverbial é deslocada para frente da oração principal, geralmente recebe vírgula em seu interior.
3-Aposto: termo da oração que resume, explica ou especifica um nome. Geralmente vem marcado por algum tipo de pontuação: vírgula, travessão, parênteses ou dois-pontos.
Exs.: Dora, viúva do traficante, foi presa esta manhã.
Compre isto: tomate, arroz e carne.
É bom não confundir o exemplo anterior de aposto com objeto direto que não é separado do verbo por nenhum sinal de pontuação.
4-Vocativo é o termo usado para chamar alguém ou alguma coisa.
Exs.: Carla, não chegue tarde!
Não chegue tarde, Carla!
5- Expressões de caráter explicativo ou corretivo: digo, digo melhor, ou melhor, ou seja, isto é.
Exs.: -Sua boca, isto é, seus lábios são rosados.
-O passeio será amanhã, ou melhor, depois de amanhã.
6- Conjunções coordenativas intercaladas:
Exs.: A sua resposta, no entanto, não surpreendeu.
Houve, porém, um grande desentendimento entre eles.
Geralmente estes termos podem ser retirados da oração sem alterar o valor dela, sem lhe prejudicar a compre-ensão.
7- Objeto Pleonástico (Direto e Indireto):
Exs.: Este livro, já o li duas vezes.
(Objeto Direto Pleonástico)
Ao aluno, nada lhe interessa.
(Objeto Indireto Pleonástico)
O objeto pleonástico é a repetição do objeto. Um aparece (o primeiro) separado do verbo por vírgula; e o outro (segundo), em forma de pronome oblíquo.
Ex.: A casa, pintei a casa de amarelo.
O objeto direto casa aparece duas vezes, empobrecendo o texto, para evitar a repetição, mantém o primeiro objeto na íntegra e o segundo objeto será substituído elegantemente por um pronome oblíquo.
Ex.: A casa, pintei-a de amarelo.
8- As orações reduzidas que iniciam uma frase.
Ex.: Dadas as explicações, todos o desculparam.
9- Oração Coordenada Assindética: é a oração que não possui conjunção, síndeto, em seu interior.
Ex.:Chegou, tirou a roupa, foi direto para o banho.
10- Conjunções “e, ou, nem” não se usa vírgula antes delas, porém usaremos caso venham repetidas.
Ex.:Não gostava de Matemática, nem de Física, nem de Química, nem de Inglês.
11- Dois verbos que se seguem.
Ex.:Ele estuda, aprende.
12- Oração Adjetiva Explicativa: é aquela oração em que a palavra que, pronome relativo, pode ser trocada por qual.
Ex.:O cão, que é um ser vivente, merece do homem respeito.
13- Orações Coordenadas: são todas separadas por vírgula, exceto a aditiva iniciada pela conjunção e.
Ex.:O jovem cantava e tocava violão muito bem.
No entanto,
a)Serão separadas por vírgulas se as orações iniciadas por e tiverem sujeitos diferentes.
Ex.:Os ignorantes falavam demais, e os sábios se mantinham em silêncio.
b)Se a conjunção vier repetida.
Ex.:E dança, e balança, e se esfrega, e cai da lâmpada quente na bacia de água fria.
c)Serão separadas por vírgulas se as orações assumirem valores contrários.
Ex.: Estudou, e não aprendeu a matéria.
14-Omissão de um termo qualquer.
Ex.: Eu quero chuchu; ela, abóbora.
Para evitar a repetição do verbo querer, houve a omissão e a colocação da vírgula no lugar dele.
15- Ponto-e-vírgula:
É usado para se obter uma pausa maior do que a da vírgula; normalmente é empregado para separar orações coordenadas, itens de uma enumeração longa e mudanças de enfoque dentro de um mesmo período.
Geralmente elas se estabelecem antes de sujeitos diferentes.
Ex.: O povo estava insatisfeito; o presidente, no entanto, não esperava nenhuma manifestação.
PARTE 1 - COMPREENDENDO O CONCEITO
Antes de mais nada, é preciso que você compreenda alguns pontos importantes:
1º) O que é ‘crase’?
‘Crase’ significa fusão, contração... ‘crasear’ é o mesmo que ‘contrair’, e não, “acentuar com crase”, ok? O nome do sinal gráfico que indica a crase é acento grave. Veja:
a (preposição) + a (artigo) = à (‘a’ craseado, ou seja, dois ‘aa’ contraídos)
a (preposição) + aquele (pronome demonstrativo) = àquele (dois ‘aa’ contraídos, formando um só)
Crasear, portanto, é o mesmo que contrair, transformar dois ‘aa’ em apenas um. O acento serve apenas para mostrar que o “à” (com o acento grave), na verdade, são “2 em 1”. Entendeu agora qual é o papel desse acento? Fácil, não é?
Agora vejamos outro ponto mais simples: já que você aprendeu que ‘crase’ não é acento, mas sim uma ‘contração’ evite as referências: ‘bota ou não a crase’... ‘ponho ou não a crase’... (como se fosse ‘ovo’); ‘tem ou não crase’... (verbo ‘ter’ supostamente impessoal, no sentido de existir)
Você deve usar as formas ‘ocorre ou não a crase’, ‘houve a crase’, por exemplo. Entendeu?
É isso aí, vamos em frente...
2º) Regra básica:
A crase ocorre quando uma palavra exigir a preposição “a” e o vocábulo seguinte for feminino, admitindo também um “a” ou ainda uma das formas do pronome ‘aquele(a)(s), aquilo’. Estas começam com a letra “a”. Olha só:
Ex.1: Fui a a cidade. (Fui à cidade.)
Fui “a” (preposição ‘a’ exigida pelo verbo ‘fui’) + “a” cidade (artigo que acompanha o nome feminino ‘cidade’)
Ex.2: Fui a aquela cidade. (Fui àquela cidade.)
Fui “a” (preposição ‘a’ exigida pelo verbo ‘fui’) + “aquela” cidade (pronome que inicia com a letra ‘a’).
Lembrando: a + a = ‘a’ (craseado, contraído, “2 em 1”...)
Para que não haja confusão com um outro “a” simples, deve-se colocar o acento grave para diferenciá-lo. Ao enxergar qualquer uma das formas “à” ou “àquele(a)(s), àquilo”, o leitor já sabe que se trata de um ‘a’ craseado, ou seja, “duplo”. Entendeu agora? É muito simples!
Vale então a seguinte regrinha geral, ‘apelêixon’... rs:
“Quem vem antes pede ‘a’; quem vem depois é nome feminino ou aquele(a)(s), aquilo”
Esclarecendo...
* “Quem vem antes” é o chamado tecnicamente de ‘termo regente’, aquele que exige a preposição ‘a”. Exemplos: obedecer a... , referir-se a..., assistir a..., apto a... e por aí vai!
* “Quem vem depois” é o chamado tecnicamente de ‘termo regido’, aquele que completa o sentido do ‘termo regente’, seja este verbo ou nome.
MAIS EXEMPLOS:
Obedeço à diretora.
* Obedeço = termo regente que exige preposição ‘a’
* ‘a diretora’ = termo regido, nome feminino que possui o artigo ‘a’
Refiro-me àquela pessoa.
* Refiro-me = termo regente que exige preposição ‘a’
* ‘aquela’ = termo regido, pronome que começa com ‘a’
Ahhh... Agora eu tenho certeza de que você entendeu bem! Está vendo só? Vale o clichê “Conversando, a gente se entende”, não é mesmo?
Resumindo, tecnicamente:
Em sentido restrito, o termo crase designa a contração da preposição a (do termo regente) com o artigo a(pl. as) ou com os pronomes demonstrativos a, as, aquele (a) (s), aquilo (do termo regido). Indica-se peloacento grave ( ` ).
Vamos conhecer agora as principais regras sobre a ocorrência de crase.
PARTE 2 - REGRAS BÁSICAS 1: NUNCA OCORRE CRASE
Regra 1 - Diante de palavras masculinas1
Ex.: Assisto a filme de comédia.
Compramos tudo a prazo.
Regra 2 - Diante de verbos1
Ex.: Considero-me apto a desenvolver as tarefas.
Estamos propensos a perdoar.
Regra 3 - Nas expressões formadas por palavras repetidas, com função adverbial
Ex.: Dosava a medicação gota a gota.
Eles permaneciam cara a cara.
Essa regra se estende às palavras de mesmo valor sintático:
O atendimento dar-se-á de segunda a quinta-feira.
De 25 a 30 de abril haverá um simpósio na UFPE.
As comemorações aconteceram de janeiro a março deste ano.
OBSERVAÇÃO:
É bom tomar cuidado com aquelas frases em que as palavras repetidas não possuem função adverbial. Nesse caso, a crase pode ocorrer sim! Veja dois exemplos simples:
Ex.: É preciso declarar guerra à guerra.
VTD OD OI
Dar mais vida à vida.
VTD OD OI
Regra 4 - Diante de artigo indefinido, numeral cardinal e pronomes que repelem o artigo (quase todos!)
Ex.: Desobediência a uma lei. (artigo indefinido)
Refiro-me a duas pessoas em particular. (numeral cardinal)
Dirijo-me a Vossa Majestade. (pronomes de tratamento)
Fiz referência a ele. (pronomes pessoais)
Isto não interessa a ninguém. (pronomes indefinidos)
O autor a cuja obra me refiro. (pronomes relativos)
ATENÇÃO!
A crase poderá ocorrer, excepcionalmente, diante das seguintes formas pronominais:
- Pronomes de tratamento femininos (senhora, senhorita, dona e madame)
Ex.: Refiro-me à senhorita.
Fiz alusão à Dona Plácida.
- Pronomes demonstrativos aquele(a)(s), aquilo
Ex.: Visamos àquele bom emprego.
Chegamos cedo àquela hospedaria.
- Certos pronomes relativos
A) O(A)(S) QUAL(IS)
É simples! Haverá crase, sempre que o termo que vier após a expressão exigir a preposição “a”.
Ex.: A lei à qual me refiro é justa. (refiro-me ‘a’...)
As cidades às quais iremos ficam longe. (iremos ‘a’...)
É claro que, se o termo que segue o pronome não exigir a preposição ‘a’, não haverá crase!
Ex.: As roupas as quais compramos são caras. (‘comprar’ não exige preposição ‘a’)
A justiça a qual defendemos não é essa. (‘defendemos’ não exige preposição ‘a’)
Entendeu? É só observar o termo que segue o pronome relativo. Não há mistério.
B) ‘QUE’
Diante da palavra “QUE”, geralmente não ocorre crase. Apenas haverá crase quando o termo que vier antes da palavra ‘QUE’ exigir preposição “a” e o “a”(que antecede essa palavra ‘QUE’) puder ser substituído pelo pronome “aquela”. Nesse caso, o “que” será pronome relativo. Exemplificando para facilitar...
Ex.1: Esta camisa é semelhante à que vesti ontem.
(...semelhante “a” + ‘aquela’ que vesti ontem.)
Ex.2: Sua bolsa é igual à que compramos.
(...igual “a” + ‘aquela’ que compramos.)
Na frase “A faculdade a que aspiro oferece ótimos cursos”, não há crase, pois o “a” que antecede a palavra ‘QUE’ não admite ser substituído por ‘aquela’, conforme explicamos nos dois exemplos anteriores.
Pronomes outra(s), mesma(s) e própria
Ex.: Refiro-me à própria / mesma / outra colaboradora.
Dirigimo-nos às próprias / mesmas / outras questões administrativas.
Regra 5 - Quando um a (singular) estiver diante de palavra plural.
Nesse caso, caracteriza-se o que se chama de ‘referência indeterminada’ em virtude da ausência do artigo.
Ex.1: Obedeço a leis que se configuram como justas.
(= “quaisquer que sejam as leis, desde que sejam justas”)
Ex.2: Somos favoráveis a decisões mais ponderadas.
(= “quaisquer decisões, desde que ponderadas”)
PARTE 3 – REGRAS BÁSICAS 2: OCORRE CRASE
Regra 1 - Nas locuções formadas por palavras femininas:
* Locuções adverbiais - às vezes, às pressas, à noite, à direita...
* Locuções prepositivas - à procura de, à moda de, à espera de...
* Locuções conjuntivas - à medida que, à proporção que...
Ex.: Os convidados chegaram à noite.
O juiz estava à espera de todos.
As alunas caminhavam às pressas.
Ele comprou tudo à vista.
Eis um caso bastante específico. Essa é a regra mais solicitada nas provas. Fique de olho! Nessas locuções, ocorre o acento grave mesmo que não haja ocorrido a crase, isto é, a fusão de duas vogais idênticas.
OBSERVAÇÕES:
1) É consenso entre os bons gramáticos que o “a” das expressões adverbiais de instrumento não deve receber acento grave.
Ex.: Cláudia escreveu uma carta a máquina.
Feriu-se a faca.
Viajaram num barco a vela.
2) Antes da palavra “moda” (expressa ou não), ocorrerá crase.
Ex.: Era uma tela à Portinari.
(subentende-se ‘à moda de’, ‘ao estilo de’)
Fez um gol à Pelé.
(subentende-se ‘à moda de’, ‘ao estilo de’)
Ela se veste à antiga.
(subentende-se ‘à moda antiga’)
3) Na indicação do número de horas, ocorrerá crase:
Ex.: Saí às quatro da tarde.
Chegou à uma hora.
Mas, se houver a anteposição de formas preposicionadas (desde, após...) não ocorrerá crase!
Ex.: Cheguei desde as sete horas.
(= desde o meio-dia)
Indicando um determinado intervalo de tempo, verificam-se as seguintes formas já bastante usuais:
Ex.: DE 9h as 11h; DAS 9h às 11h; ou, simplesmente, 9h às 11h
Regra 2 - Diante de nomes de lugar (topônimos) que admitem o artigo a:
Ex.1: Vou à Itália. (Volto da Itália)
Fui à Argentina. (Voltei da Argentina)
Ex.2: Vou a Roma. (Volto de Roma)
Fui a Curitiba. (Voltei de Curitiba)
“APELÊIXON”...
PARA NOMES DE LUGAR: “Se eu volto ‘da’ craseio o ‘a’; se eu volto ‘de’ crasear pra quê?”
Não é fácil? Moleza!
OBSERVAÇÃO:
Mas é bom ter cuidado. Se o lugar vier especificado, ocorrerá crase.
Ex.: Pablo foi a Lisboa.
(Não especificado = não ocorre crase! “Volto de Lisboa”...)
Pablo foi à Lisboa de D. João VI.
(Especificado = ocorre crase! “Volto da Lisboa de D. João VI”...)
CASOS EXCEPCIONAIS DE CRASE
Diante das palavras casa, terra e distância, quando devidamente especificadas e precedidas de vocábulo que exija a preposição “a”:
Ex.: Retornamos rápido à casa de seu amigo.
(retornar ‘a’ + casa especificada)
Os aventureiros chegaram à terra do petróleo.
(chegar ‘a’ + terra especificada)
O posto está situado à distância de 200m.
(está situado ‘a’ + terra especificada)
Atenção para os seguintes casos:
· Retornamos imediatamente a casa.
(no sentido de lar, moradia - não especificada)
· Os marinheiros chegaram a terra.
(na linguagem de marinha, no sentido de chão firme)
· O posto fica a 200 metros.
Matriculou-se no ensino a distância.
(distância não especificada)
PARTE 4 - REGRAS BÁSICAS 3: PODE OU NÃO OCORRER CRASE
(CASOS FACULTATIVOS)
Caso 1 - Diante de nomes de pessoas do sexo feminino
Ex.: Ele fez referência a (à) Bianca.
Não há consenso, mas alguns gramáticos afirmam que, se o nome feminino representar uma pessoa pública (famosa), contrariando a ideia de familiaridade/proximidade, o artigo não poderá ser usado e, consequentemente, não ocorrerá crase.
Ex.: Fez alusão a Madona.
Referiu-se a Dilma Rousseff.
Caso 2 - Diante de pronomes adjetivos possessivos femininos:
Ex.1: Obedeço a (à) sua coordenadora.
O termo ‘sua’ é pronome adjetivo possessivo, pois acompanha um substantivo.
Ex.2: Minha pasta é igual à sua.
O termo ‘sua’ agora é pronome substantivo possessivo, pois exerce o papel de um substantivo. Na frase acima, a crase é obrigatória pela regência da palavra ‘igual’.
Caso 3 - Depois da preposição “até”:
Ex.: Após a aula, Jéssica foi até a (à) biblioteca estudar.